terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Camundongo da Cidade e o do Campo



"Um camundongo que morava na cidade foi, uma vez, visitar um primo que vivia no campo. Este era um pouco arrogante e espevitado, mas queria muito bem ao primo, de maneira que o recebeu com muita satisfação. Ofereceu-lhe o que tinha de melhor: feijão, toucinho, pão e queijo.

O camundongo da cidade torceu o nariz e disse:
- Não posso entender, primo, como você consegue viver com estes pobres alimentos. Naturalmente, aqui no campo, é difícil obter coisa melhor. Venha comigo e eu lhe mostrarei como se vive na cidade. Depois que passar lá uma semana, você ficará admirado de ter suportado a vida no campo.

Os dois pusseram-se, então, a caminho. Tarde da noite, chegaram à casa do camundongo da cidade.
- Certamente você gostará de tomar um refresco, após esta caminhada, disse ele polidamente ao primo.

Conduziu-o à sala de jantar, onde encontraram os restos de uma grande festa. Puseram-se a comer geléias e bolos deliciosos. De repente, ouviram fosnados e latidos.
- O que é isto? Perguntou, assustado, o camundongo do campo.

- São, simplesmente, os cães da casa, respondeu o da cidade.
- Simplesmente? Não gosto desta música, durante o meu jantar.

Neste momento, a porta se abriu e apareceram dois enormes cães. Os camundongos tiveram que fugir a toda pressa.

- Adeus, primo, disse o camundongo do campo. Vou voltar para minha casa no campo.
- Já vai tão cedo? perguntou o da cidade.
- Sim, já vou e não pretendo voltar, concluiu o primeiro."

Mais vale o pouco certo, que o muito duvidoso)
(ESOPO)

As Formigas e o Gafanhoto

Num brilhante dia de outono, uma família de formigas se apressava para aproveitar o calor do sol, colocando para secar, todos os grãos que haviam coletado durante o verão. Então um Gafanhoto faminto se aproximou delas, com um violino debaixo do braço, e humildemente veio pedir um pouco de comida.

As formigas perguntaram surpresas: "Como? Então você não estocou nada para passar o inverno? O que afinal de contas você esteve fazendo durante o último verão?"


E respondeu o Gafanhoto: "Não tive tempo para coletar e guardar nenhuma comida, eu estava tão ocupado fazendo e tocando minhas músicas, que sequer percebi que o verão chegava ao fim."

As Formigas encolheram seus ombros indiferentes, e disseram: "Fazendo música, todo tempo você esteve? Muito bem, agora é chegada a hora de você dançar!"
E dando às costas para o Gafanhoto continuaram a realizar o seu trabalho.

Autor: Esopo
Moral da História:
Há sempre um tempo para o trabalho, e um tempo para a diversão.

Os Dois Viajantes e o Urso





Dois homens viajavam juntos através de uma densa floresta, quando, de repente, sem que nenhum deles esperasse, um enorme urso surgiu do meio da vegetação, à frente deles.

Um dos viajantes, de olho em sua própria segurança, não pensou duas vezes, correu e subiu numa árvore.

Ao outro, incapaz de enfrentar aquela enorme fera sozinho, restou deitar-se no chão e permanecer imóvel, fingindo-se de morto. Ele já escutara que um Urso, e outros animais, não tocam em corpos de mortos.


Isso pareceu ser verdadeiro, pois o Urso se aproximou dele, cheirou sua cabeça de cima para baixo, e então, aparentemente satisfeito e convencido que ele estava de fato morto, foi embora tranquilamente.

O homem que estava em cima árvore então desceu. Curioso com a cena que viu lá de cima, ele perguntou:

“Me pareceu que o Urso estava sussurrando alguma coisa em seu ouvido. Ele lhe disse algo?”

“Ele disse sim!” respondeu o outro, “Disse que não é nada sábio e sensato de minha parte, andar na companhia de um amigo, que no primeiro momento de aflição me deixa na mão!”.


Moral da História:
“A crise é o melhor momento para nos revelar quem são os verdadeiros amigos.”





FABÚLAS

O GATO E A RAPOSA


Certa vez, um Gato e uma Raposa resolveram viajar juntos. Ao longo do caminho, enquanto caçavam para se manter, um rato aqui, uma galinha ali, entre uma mordida e outra, conversavam sobre as coisas da vida.

E, como sempre acontece entre companheiros, especialmente numa longa jornada, a conversa entre eles logo se torna uma espécie de disputa de Egos. E os ânimos se exaltam quando cada um trata de promover e defender suas qualidade pessoais.

Pergunta então a Raposa ao Gato:

“Acho que você se acha muito esperto não? Você deve até achar que sabe mais do que eu. Sim, porque eu conheço tantos truques que nem sou capaz de contá-los!”

“Bem,” retruca o Gato, “Admito que conheço apenas um truque, mas este, deve valer mais que todos os seus!”


Nesse momento, eles escutam, ali perto, o apito de um caçador e sua matilha de cães que se aproximam. O Gato deu um salto e subiu na árvore se ocultando entre as folhas.

“Este é meu truque," ele disse à Raposa. “Agora deixe-me ver do que você é capaz.”

Mas, a Raposa tinha tantos planos para escapar que não sabia qual deles escolher. Ela correu para um lado e outro, e os cachorros em seu encalço. Ela duplicou suas pegadas tentando despistá-los; ela aumentou sua velocidade, se escondeu em dezenas de tocas, mas foi tudo em vão. Logo ela foi alcançada pelo cães, e então, toda sua arrogância e truques se mostraram inúteis.

Moral: O Bom senso é sempre mais valoroso que a astúcia.

(ESOPO)